Quem acompanha o nosso trabalho sabe: nós amamos valorizar cada cantinho do Espírito Santo. Mas, no último sábado, nossa visita à bucólica Vila de Regência, na foz do Rio Doce, trouxe uma surpresa amarga. Fomos em busca do contato com a fauna marinha e da história de preservação local, mas o que nossa equipe encontrou na base tradicional do Projeto Tamar foi um cenário desolador.

Ao caminharmos pela estrutura, o sentimento de “abandono” foi inevitável. A infraestrutura, que deveria ser o orgulho do turismo no norte do estado, apresenta um avançado estado de degradação. As passarelas de madeira, que um dia deram um charme rústico ao passeio, hoje exigem atenção redobrada: tábuas velhas, algumas soltas e com aspecto de apodrecimento, transformam o lazer em apreensão.
Mas o que mais doeu foi ver as “estrelas” do projeto. Os tanques onde ficam as tartarugas — incluindo a área vital para a proteção da histórica Tartaruga-Gigante (Dermochelys coriacea) — passavam uma sensação de tristeza e pouco cuidado. Não é o padrão de excelência que o capixaba se acostumou a ver no Tamar.
O Contraste que Incomoda: O Novo brilha, o Velho padece
O que torna a situação ainda mais difícil de entender é a dualidade que presenciamos em Regência.
Enquanto a área biológica (os tanques e passarelas antigas) pede socorro, a poucos metros dali a realidade é outra. Nossa equipe conferiu as novas estruturas erguidas na vila, como o “Novo Centro Ecológico” e o recente “Espaço Praia”. São obras modernas, bonitas, focadas em eventos e museologia, financiadas com verbas de compensação da Fundação Renova.
Fica nítido o turismo de duas faces que se criou ali:
A Face Nova: Prédios recém-inaugurados, pintura fresca e estrutura de ponta para recepção e festas.
A Face Esquecida: Justamente a área operacional onde a vida acontece. Os tanques e a estrutura de visitação original parecem ter ficado de fora dos planos de investimento.
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A Pergunta que não quer calar
Regência foi uma das áreas mais impactadas pelo desastre de Mariana, e sabemos que recursos significativos foram destinados à recuperação do turismo local. Diante disso, o Capixaba da Gema questiona:
Por que construir estruturas novas se a base principal, a razão de existir do turismo de observação ali, está caindo aos pedaços?
O marketing da “novidade” não pode atropelar a manutenção do essencial. Enquanto o novo centro brilha, as tartarugas nadam cercadas por madeira podre. O turismo capixaba e a comunidade de Linhares merecem uma resposta — e, acima de tudo, uma solução.
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