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Bacia hidrográfica como funciona e qual a sua relação com as áreas urbanas

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Escrito por: Petrus Lopes

Bacia hidrográfica – Os territórios hidrográficos são ecossistemas complexos que reúnem uma diversidade natural de organismos associado a características geomorfológicas (formas do relevo) fundamentais para a vida quando analisamos o território de um município ou de um Estado!

Bacia hidrográfica como funciona e qual a sua relação com as áreas urbanas
Bacia hidrográfica como funciona e qual a sua relação com as áreas urbanas 2

O rio Jucu é um rio capixaba, a principal bacia de abastecimento do nosso Estado, entre as 14 que juntas abastecem toda a nossa população. Com 2.221 km², os territórios dos municípios de Marechal Floriano, Domingos Martins, Viana, Vila Velha e parte de Guarapari e Cariacica estão dentro desse território hidrográfico. Exceto Guarapari, todas as cidades bebem a água desse rio.

Dessa forma, podemos perceber quanta natureza temos dentro dessas cidades e, por consequência, dentro do Rio Jucu. O Parque de Pedra Azul, nascente do Jucu, e o Parque de Jacarenema, a foz do Rio, são Unidades de Conservação importantes para a nossa recreação e fornecem os serviços ecossistêmicos fundamentais para nossa vida.

Serviços ecossistêmicos são ativos ambientais fornecidos pelo funcionamento de um sistema natural. Um rio produz água, o microclima das cidades, solo fértil para as florestas, produz alimentos, madeira e fornece o solo para cada um de nós podermos ter onde morar.

São exemplos reais dos serviços que recebemos de graça todos os dias de um rio. Por último, não podemos esquecer as paisagens das montanhas, do litoral e das margens do rio, que são fundamentais para a nossa contemplação e para a perpetuação de diversos costumes culturais materiais e imateriais do nosso Estado.

Parece perfeito, certo? E é! Mas, com a alteração do seu solo, da sua floresta, do seu curso principal somado ao aumento do calor promovido pelo padrão construtivo urbano e consumo de combustível fóssil, passamos a ter um ambiente favorável para estabelecer tempestades, impactos, prejuízos materiais e emocionais!

Por fim, não existe cidade, roça e rio; tudo é uma coisa só. Moramos dentro do rio que fornece a nossa água. É fundamental que você perceba isso e em que parte desse rio você está!

Na próxima reportagem, vamos tratar sobre a forma como as cidades foram instaladas e as alterações das bacias hidrográficas; você vai entender o “por que” de muita coisa!

Como se forma Uma bacia hidrográfica

Uma bacia hidrográfica é formada ao longo de milhares de anos e não é simples mudar seu funcionamento. No entanto, não foi isso que ocorreu no Brasil até a década de 60. Praticamente todos os principais rios capixabas foram retificados, deixando de ser um rio natural para se tornar um canal de água e para escoar o esgoto para o oceano. O formato sinuoso de um rio natural foi alterado para um curso reto, menos largo e menos profundo. Isso resultou no aumento da velocidade da água na drenagem, transbordos repentinos dos rios e crescente alagamento das cidades.

Voltando mais no tempo, durante a época da colonização capixaba, quando o território era intacto, com florestas virgens e água limpa, a alternativa para adentrar o território era pelos rios. Praticamente todas as cidades foram instaladas às margens dos rios. Naquela época, com a natureza ainda intacta e rios sinuosos, não havia tanto impacto nessas cidades. O problema acontecia de tempos em tempos e onde havia inundação, ninguém queria morar e não era toda vez que chovia.

Após a retificação dos rios na década de 60 e intensificação do desmatamento na década de 70, para aquecer caldeiras para a produção de aço, chocolate, café e outros produtos capixabas, o regime de chuvas mudou. O rio Jucu, por exemplo, perdeu um de seus melhores serviços ecossistêmicos: a gestão natural das águas durante cheias, tempestades e enchentes. Os motivos dessa perda são: a localização das cidades associada ao aumento de sua área urbana, destruição das florestas, a ocupação das áreas de inundação e a transformação dos meandros dos rios em retas, um rio com menos capacidade de absorver, armazenar e drenar a água das cheias.

Como resultado, temos cidades em condições precárias para existir onde estão e uma sociedade sem técnica nem voz ativa para enfrentar essa realidade. Não temos um plano seguro para gerir as cidades e autorizar a ocupação do solo dentro das bacias hidrográficas.

Essa realidade destrói sonhos, patrimônios conquistados com muito esforço e vidas. A ocupação desordenada iniciada pelos imigrantes continua com as gestões públicas, o que é extremamente grave.

Na próxima reportagem, trataremos das divisões físicas de uma bacia hidrográfica; você entenderá onde está sua residência dentro do Rio!

Uma bacia hidrográfica e suas nascentes

Uma bacia hidrográfica se divide em nascentes, curso principal, divisores de águas (limites montanhosos), afluentes (nascentes e pequenos rios) e foz. As planícies de inundação, formadas há milhares de anos, conectam-se às margens dos rios e amortecem as águas das cheias, mas no Espírito Santo, permite-se a construção nessa área protegida por lei federal, são as Áreas de Proteção Permanente e de Uso Restrito. Isso, combinado com a ocupação urbana consolidada e nível do solo resultam em catástrofes urbanas devido à falta de espaço para as águas das cheias.

Nossas cidades estão dentro das planícies de inundação, várzeas e margens das principais bacias do Espírito Santo, quase como padrão de ocupação urbana. Uma vez ocupadas, é provável conviver com os problemas atuais. Cada cidade deve elaborar seu plano de ocupação urbana e gestão das águas para corrigir erros históricos e garantir a segurança da população.

Contudo, os planos de bacias hidrográficas não se comunicam com os planos diretores urbanos municipais. Como garantir que uma cidade diminua os efeitos das cheias com um histórico de erros na ocupação urbana de mais de 500 anos? Parece impossível, mas há solução, desde que você saiba o que pedir e fazer.

Vila Velha exemplifica o que não se deve fazer para evitar impactos das inundações. A área da planície de inundação mais importante da bacia do Rio Jucu está sendo licenciada para se tornar bairros de alto padrão, repetindo erros passados.

Se você já passou por uma enchente, perdeu tudo ou alguém importante, entenda a necessidade de sua cidade reagir. Há recursos, tecnologia e exemplos suficientes para mudar essa realidade.

E quando a gente não sabe o que fazer e exigir para mudar uma realidade ruim, o que nos resta é ter que conviver com o problema e cada um sabe bem o que tem acontecido quando fica claro que estamos totalmente despreparados pra enfrentar uma tempestade e todo o prejuízo que vem após a cheia do rio! O próximo tema de reportagem será: Porque as chuvas estão mais fortes! Quais características servem de alerta de tempestade para uma cidade em área de risco!

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